Nota

Alma Preta é alvo de ataques racistas por reportagem sobre ações da guarda municipal de Feira de Santana

por | out 27, 2022

Ameaças foram enviadas via email depois da publicação de texto sobre ataques sofridos pelo vereador Jhonatas Monteiro (PSOL)

A Alma Preta, agência de jornalismo associada à Ajor, sofreu ataques racistas por publicar reportagem sobre ameaças ao vereador Jhonatas Monteiro (PSOL). Ele havia denunciado a truculência policial contra professores da rede municipal de Feira de Santana, a 115 quilômetros de Salvador.

A ameaça foi feita em email anônimo enviado ao parlamentar. O remetente zomba do nome do veículo, argumentando que “preto não tem alma”. Em seguida, diz que a equipe do Alma Preta é “um monte de macacos pretos”. No texto, o remetente afirma ser funcionário da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da cidade.

Advogados da Alma Preta e do vereador enviaram um ofício à Prefeitura de Feira de Santana solicitando esclarecimentos e a investigação sobre o ato de um suposto funcionário público municipal. A Coalizão Negra por Direitos também entrou com uma representação criminal à promotoria de justiça e direitos humanos do Estado da Bahia para que o crime de racismo seja investigado e punido.

Reportagem publicada

Publicada em 11 de abril de 2022, a reportagem “Vereador recebe ameaças após denunciar violência da guarda municipal de Feira de Santana” relata ataques sofridos por Jhonatas Monteiro. 

No final de março, docentes da cidade decretaram greve para reivindicar reajuste de salário e melhores condições de trabalho. Segundo a notícia, em um dos protestos da categoria os professores se reuniram na sede da prefeitura e “foram expulsos com agressões cometidas pela guarda municipal”. Monteiro, que acompanhava a manifestação na tentativa de mediar as negociações, também foi agredido por agentes e teve um dente quebrado. Após o ocorrido, o vereador passou a receber ameaças de um número desconhecido no WhatsApp.

 Repúdio

A Ajor se solidariza com a equipe da Alma Preta e com o Vereador Jhonatas Monteiro pelos ataques racistas sofridos. A entidade também reafirma a necessidade de uma investigação ágil e eficiente para a identificação do responsável pelas ameaças.

Ataques e ameaças anônimas contra iniciativas como a Alma Preta vão de encontro ao direito constitucional do livre exercício profissional da imprensa. Este caso específico é ainda mais grave, pois se utiliza de ataques racistas para intimidar profissionais de uma organização que explicita e denuncia o contexto de desigualdade racial no país.