notícias

Dependentes de doações, meios nativos digitais atravessam bem a pandemia, revela pesquisa

por | nov 22, 2021

Queda de receita publicitária atinge mídia tradicional com mais força, mas digitais precisam diversificar

Pesquisa da SembraMedia realizada com 100 veículos da América Latina, 52 do Sudeste Asiático e 49 da África, revelou um contraste entre veículos jornalísticos tradicionais e os nativos digitais no que se refere ao volume e origem de receitas. Enquanto os primeiros sofreram uma forte diminuição de verba publicitária, na comparação com dados de 2019, as mídias nativas digitais viram o volume de doações aumentar. O levantamento agrupou no termo “doações” os repasses de fundações privadas, investidores filantrópicos e empresas como Google e Facebook, bem como financiamento de organizações governamentais nacionais e internacionais

A pesquisa Ponto de Inflexão Internacional foi conduzida por 23 pesquisadores, que entrevistaram 201 líderes de organizações, das quais 25 são brasileiras. Esse foi o segundo estudo realizado pela organização. O primeiro, de 2016, entrevistou 100 veículos da América Latina. O relatório de 2021 revela que  a maioria das mais de 200 mídias digitais nativas incluídas neste estudo expandido não sofreu as enormes perdas financeiras informadas pelos players da mídia tradicional.  A análise sugere que isto é devido principalmente ao fato de elas não serem excessivamente dependentes da publicidade e ao aumento dos financiamentos para a mídia via doações.

O estudo, realizado pela SembraMedia com apoio da Luminate e suporte complementar da CIMA, revelou dados importantes acerca das fontes de recurso das mídias nativas digitais nos anos de 2019 e 2020. De acordo com os organizadores, o objetivo do relatório é ajudar os líderes dos meios de comunicação digital a entenderem melhor suas dificuldades e oportunidades.

A pesquisa comparativa iniciada em 2019 revelou que cada uma das 201 organizações analisadas recebeu em média $48.258. No ano seguinte, o valor médio recebido como doação pelas 201 organizações subiu para $63,597, um incremento de quase 32%.  Segundo o representante da Luminate no Brasil, – Rafael Georges, os recursos apurados com doações estão sendo importantes durante a pandemia. Ele ainda ressalta que “desde que não interfiram na linha editorial e sejam respeitosas das opções que as redações fazem em relação às suas próprias coberturas, elas podem ser importantes para  resiliência. Em período de vacas magras, digamos assim, elas se demonstraram fundamentais”. 

Além das doações, outras quatro fontes complementam a renda das organizações durante esse período. A pesquisa revela que além dos 31% das subvenções, 21% são de publicidade, 10% são serviços de consultoria, 7% são de serviços de conteúdo e 6% de leitores.  A variação de captação é outro ponto importante que a comparação entre as edições de 2016 e 2020 apresenta como essencial para a manutenção das mídias nativas digitais. 

O representante da Luminate Rafael Georges pondera que “a mídia independente se beneficia de doações pela filantropia e também de empresas, mas ela precisa buscar formas diversas de se financiar, como conteúdo patrocinado e assinaturas. Uma cesta variada de receitas é parte dos segredos das organizações de mídias nativas digitais que estão dando certo nos países que a gente investigou”.

Acesse a pesquisa na íntegra clicando aqui