Quinze organizações associadas à Ajor tiveram, em média, um crescimento de audiência de 85% em três meses. Esse foi um dos principais resultados do Laboratório de Desenvolvimento de Audiência, uma parceria da Associação com a Google News Initiative.
Com objetivo de aprimorar e desenvolver estratégias de público, o programa focou na audiência digital em diversos canais, na aplicação de métodos ágeis e na definição de metas estratégicas.
Durante 12 semanas, os veículos se reuniram em sessões ao vivo em grupo e também em mentorias individualizadas. Os participantes somaram coletivamente cerca de 120 mil visitantes ao site e seguidores nas redes sociais.
Os times que focaram em engajamento tiveram em média 35% de aumento nas páginas. Uma das organizações que buscou aumentar o número de leitores no site é a Ponte Jornalismo. A meta do veículo com o laboratório era de criar mais engajamento e relacionamento entre as pessoas e o conteúdo sem a mediação de algoritmos.
“Foi um processo importante para entendermos que pensar audiência é um trabalho multidisciplinar, ou seja, desde a pessoa que traz os dados até a que produz conteúdo precisam estar envolvidas com constância nessa discussão”, afirma Jéssica Santos, editora de relacionamento da Ponte. “Além disso, parar para pensar estratégias, testar de forma rápida, olhar de forma mais atenta aos dados foram momentos importantes para a Ponte diante de um meio digital em constantes mudanças que afetam diretamente a entrega de nosso conteúdo”, completa.
Uma das estratégias adotadas pelo veículo foi dividir matérias mais longas em matérias menores para termos mais circulação entre os links. “Quando uma matéria se transforma em duas ou três, você consegue fazer com que a pessoa fique mais tempo e navegue mais, estando exposta aos links relacionados que colocamos nas reportagens”, explica Santos. Para ela, foi importante também aprender sobre os processos de SEO, configurando links internos e externos para melhorar o ranqueamento nos buscadores.
O Juicy Santos, organização de jornalismo local da Baixada Santista, em São Paulo, também utilizou o laboratório para reestruturar o site. “Após 13 anos de existência, sentimos que era necessário voltar às origens do veículo. Decidimos retomar a relevância jornalística através da audiência do site. Recebemos do GNI o empurrão que precisávamos para ‘arrumar a casa’, tanto do ponto de vista técnico como de conteúdo”, conta Flávia Saad, cofundadora e head de conteúdo do Juicy.
Segundo Saad, os resultados do programa foram rápidos. Em apenas um mês, com novas medidas estruturais e editoriais aprendidas no laboratório, o veículo quase quintuplicou o número de visualizações totais na página, com um aumento em 385%. A partir da implementação de novo design focado na usabilidade, os acessos na home do site quadruplicaram.
Durante o processo, foi necessário reorganizar a rotina de trabalho da equipe, com maior integração entre as áreas. “O Lab de Desenvolvimento de Audiência nos ajudou a estabelecer objetivos claros e mensuráveis, reorganizar prioridades e montar um framework de trabalho aproveitando recursos e sistematizando processos de forma diária, semanal e mensal. Uma lição importante foi sobre a atuação conjunta e focada dos times de estratégia, tecnologia e editorial”, detalha Saad.
A organização passou também a utilizar mais os dados para nortear a produção de conteúdo e estratégias comerciais, além de repensar o modelo de distribuição do conteúdo, antes focado no Instagram. “Foi um verdadeiro divisor de águas para nós, pois conseguimos objetivamente fazer mudanças há muito necessárias na nossa estratégia de conteúdo e distribuição.”
As mudanças na rotina da equipe também foram uma transformação significativa na Coar Notícias, com mais reuniões internas e um enfoque mais estratégico. “O Lab nos ensinou a como conhecer melhor nossa audiência e focar em conteúdos mais oportunos para interagir com nossos seguidores, principalmente em alcançar lugares mais longínquos, como os desertos informativos no Norte e Nordeste”, pontua Marta Alencar, fundadora da organização.
Para Sabrina Passos, diretora de gerenciamento de programas da Blue Engine Collaborative para as Américas e responsável pela experiência do programa, houve uma grande mudança na percepção que os participantes passaram a ter da audiência, como atraí-la e o que entregar para engajar e reter.
“Nosso maior objetivo era que os times saíssem do Lab mais preparados para o desafio que é entregar o jornalismo de qualidade que fazem ao público certo. Hoje eles têm novos processos e entenderam a importância de testar e aprender, de experimentar. Além disso, a troca estabelecida durante o Lab, entre os 15 times, foi rica e segue ativa. Essa comunidade que troca experiência e conhecimento é a maior riqueza do Lab”, afirma Passos.
Imagem em destaque: Campaign Creators/Unsplash.