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Marco Zero lança Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco

por | abr 20, 2022

Base de dados online dá visibilidade a coletivos de comunicação popular locais que atuam especialmente em comunidades periféricas

Encontro de lançamento do Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco, no Recife. Crédito: Arnaldo Sete/MZ

As organizações de jornalismo independente e os pesquisadores da mídia popular ganharam mais um aliado com o lançamento do Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco. O site interativo reúne iniciativas de comunicação que atuam principalmente em comunidades periféricas da região com o objetivo de dar maior visibilidade, conectar e fortalecer suas ações. 

Projeto realizado pela Marco Zero Conteúdo, com o apoio da ONG Repórteres Sem Fronteiras e do Coletivo Sargento Perifa, foi divulgado nesta terça (19) durante live promovida pelo veículo pernambucano, que também é membro do Conselho Executivo e Deliberativo da Ajor.

A base de dados online permite a qualquer usuário acessar informações dos coletivos sobre data de fundação, número de integrantes, temas abordados, periodicidade da produção, formas de financiamento, além de como conhecer suas redes sociais e acionar contatos diretos dos grupos. 

Ao todo, 42 iniciativas populares foram mapeadas para a construção desta primeira fase do projeto. O cadastramento de novos veículos ou coletivos pode ser feito através de um formulário no site do Mapa. A expectativa dos organizadores é chegar a pelo menos 100 iniciativas de todas as regiões do estado.

“O Mapa é uma ferramenta de visibilização, mas também de aproximação dos coletivos de comunicação independente e popular que atuam no estado. Ele traz a potência e a diversidade de corpos, territórios, culturas e narrativas que os coletivos representam. Para os próprios coletivos, serve como um ambiente de encontro para a formação de redes”, afirmou Laércio Portela, cofundador da Marco Zero Conteúdo e coordenador da iniciativa.

Mais de 60 integrantes de 20 coletivos do Recife, Região Metropolitana e do Agreste do estado se reuniram para o encontro de lançamento nesta terça. “Daí surgiram muitas propostas de parcerias, troca de experiências e de produção e distribuição colaborativa de conteúdos que vão fortalecer ainda mais as iniciativas”, complementa o jornalista.

O que os dados trazem

O mapeamento mostrou que os coletivos são formatos majoritariamente por pessoas jovens, periféricas, mulheres negras que praticam uma comunicação posicionada, antirracista, contra a homofobia e a transfobia e os preconceitos de classe.

Entre os principais temas de cobertura das iniciativas estão pautas ligadas à juventude, questões raciais e indígenas, de gênero, cultura, entretenimento, educação, saúde, meio ambiente, política, comunicação e tecnologia. A atuação destes grupos não se limita apenas à produção editorial, mas também à organização de projetos e ações com impacto direto na comunidade, como campanhas de arrecadação de alimentos e pressão por moradia e educação digna.

A maior parte dos coletivos se sustenta por recursos próprios. Além disso, o financiamento por editais tem sido importante para o trabalho de muitos coletivos. Segundo Laércio, a sustentabilidade econômica é um aspecto fundamental para o fortalecimento dos coletivos. “Há uma concentração no eixo Rio-São Paulo nos recursos de apoio a iniciativas no campo da comunicação independente e da mobilização social nas periferias. Os financiadores precisam ampliar sua visão e olhar para outras regiões do país. Chegar mais junto, sem, no entanto, descaracterizar as iniciativas locais. Facilitar o acesso a recursos para esses coletivos vai potencializar ainda mais o trabalho que desenvolvem hoje tirando recursos já escassos de seus próprios bolsos. Coletivos que têm feito a diferença, por exemplo, no combate à desinformação nos territórios periféricos produzindo conteúdos de qualidade, com as linguagem locais, para fazer frente à onda de negacionismo e fake news”, afirma. 

O Mapa é a primeira etapa do projeto que envolverá também uma pesquisa sobre quem são e como atuam esses grupos, formação e capacitação, realização de debates e trocas de experiências, e também a produção e distribuição colaborativa de conteúdos.