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Núcleo lança primeira comunidade brasileira de jornalismo no Discord

por | fev 17, 2023

NúcleoHub reúne repórteres, comunicadores científicos e entusiastas da tecnologia em plataforma que permite troca de mensagens por canais temáticos

Pedir indicações de fontes, sugerir pautas, trocar soluções tecnológicas e dividir experiências com outros profissionais de todo o Brasil. Essa é a premissa do NúcleoHub, nova comunidade aberta para jornalistas no Discord. Iniciativa do Núcleo, organização associada à Ajor focada em investigações sobre tecnologia e redes sociais, é a primeira a usar a ferramenta de troca de mensagens para conectar comunicadores brasileiros. 

Em uma semana de lançamento, o hub já ultrapassou os 200 membros. Nele, os participantes encontram canais temáticos, como “jornalismo político”, “redes e seo”, “jornalismo e tecnologia”, além de poderem mandar sugestões de pautas para a redação do Núcleo ou de temas para a “Garimpo”, newsletter que resume diariamente os assuntos mais populares das redes sociais. 

A iniciativa faz parte do investimento do veículo na cultura de comunidades e na aproximação com seus leitores. “A gente percebeu que não havia tantos espaços de troca entre jornalistas sem que fosse um ambiente competitivo. Queríamos começar a fomentar essa cultura, não só entre leitores, mas também pessoas que são nossas fontes, outros jornalistas, estudantes, comunicadores científicos, que são um foco importante do veículo, e por aí vai”, explica Luiza Bodenmüller, gerente de comunidades do Núcleo. 

Apesar de possuir canais específicos para apoiadores do veículo, o hub é aberto e gratuito a qualquer interessado: “Está posto que é um desafio conseguir dinheiro para o jornalismo do Brasil, mas a gente quer que as pessoas entendam que o nosso objetivo não é só esse. Queremos que as pessoas se apropriem do jornalismo que a gente faz e também se sintam um pouco donas dele”, afirma.

Por que o Discord?

A escolha da ferramenta se deu por sua versatilidade. Diferentemente de outros canais de trocas de mensagens, como o Telegram ou o WhatsApp, o Discord possui uma interface que foi pensada para a criação e gestão de comunidades. Assim, não há limite de participantes e os organizadores conseguem controlar mais facilmente os canais e as conversas. 

“Por mais que a gente soubesse que ainda não é uma ferramenta tão popular entre jornalistas e que talvez tivesse algum tipo de resistência, resolvemos apostar e, por enquanto, as trocas estão sendo muito positivas”, explica Bodenmüller. Ela cita o exemplo dos participantes do canal “jornalismo e dados”, que estão discutindo alternativas ao fim da API gratuita do Twitter, recurso que permitia a criação de automações como bots ou ferramentas de análises de publicações.

Por ser uma comunidade aberta, uma preocupação do Núcleo é a segurança dos participantes. A política de moderação do hub prevê o banimento e a suspensão de pessoas que enviarem mensagens desrespeitosas, conteúdos desinformativos ou que reproduzam racismo, homofobia ou qualquer outro tipo de preconceito e discriminação, por exemplo. “Não é um tempo muito fácil para ser jornalista no Brasil. Meu papel como mediadora é garantir que as pessoas não estão sendo expostas. Se a gente começar a perceber que as pessoas não estão falando porque estão se sentindo inseguras, podemos fechar os canais e pensar em outras alternativas”, completa. 

Como gerenciar uma comunidade

Além do hub, Bodenmüller também é responsável por toda a comunicação com os apoiadores do Núcleo, que lançou, em 2022, seu programa de membros. Ela dá quatro dicas para veículos e jornalistas que querem investir na aproximação com a audiência:

  1. Conheça a sua comunidade: faça uma pesquisa sobre os canais, ferramentas ou redes sociais nas quais seu público é mais ativo e entenda se ele está disposto a interagir e colaborar com outros leitores.
  2. Pense no negócio: averigue se a criação de uma comunidade está alinhada com os objetivos estratégicos do veículo, se há recursos suficientes e incentivo à inovação.
  3. Não deixe a comunidade morrer: fomente as discussões entre os membros nos canais. Mas atenção: não abuse no número de mensagens ou na insistência. As trocas devem ser naturais. 
  4. Semeie uma cultura colaborativa na redação: a gestão de comunidades é um trabalho que demanda dedicação, mas não basta uma pessoa responsável por isso. É importante que todas as áreas do veículo se engajem na estratégia, dividam ideias de temas para serem discutidos e sugiram melhorias para a comunidade.