Brasil ficou na 110º posição no relatório organizado pela Repórteres Sem Fronteiras
A polarização exacerbada e um ambiente digital que favorece a desinformação são destaques do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa 2022, divulgado nesta terça (3) pela RSF (Repórteres Sem Fronteiras).
O Brasil aparece em 110º lugar no relatório que avalia as condições para o exercício do jornalismo em 180 países e territórios. O documento analisa que as relações entre o governo e a imprensa se deterioraram desde a presidência de Jair Bolsonaro e seus constantes ataques aos jornalistas e à mídia em geral.
Outro ponto de atenção é o avanço da desinformação no país e a violência contra os profissionais da imprensa. Nos últimos dez anos, pelo menos 30 jornalistas foram assassinados no Brasil, o segundo país mais letal da região neste período para jornalistas. Os ataques digitais contra os profissionais também cresceram, principalmente entre jornalistas mulheres.
A polarização
A RSF destacou também uma dupla polarização, entre países e dentro destes, estimulada pelo controle dos meios de comunicação por regimes autoritários e o desenvolvimento da “mídia de opinião no modelo da Fox News” nas sociedades democráticas, estimulando a disputa entre meios de comunicação, divisões dentro das sociedades e a banalização da desinformação. A organização afirmou, ainda, que o conflito entre Rússia e Ucrânia começou como uma “guerra de propaganda”.
O Ranking
No total, 73% dos 180 países avaliados pela ONG são caracterizados por situações consideradas “muito graves”, “difíceis” ou “problemáticas” no que diz respeito à liberdade dos jornalistas para desempenhar seu trabalho.
Os países nórdicos continuam sendo destaque de liberdade de expressão e de imprensa. O trio de primeiros colocados é composto por Noruega, Dinamarca e Suécia.
Sobre a América Latina, a RFS afirma que jornalistas de todo o continente continuam seu trabalho de informar em um ambiente cada vez “mais nocivo e tóxico”. A desconfiança em relação à imprensa ganhou mais espaço na região, assim como as ameaças e os ataques contra jornalistas.
Com pelo menos sete jornalistas assassinados em 2021, o México (127º) continua sendo o país mais letal do mundo para a imprensa e ocupa a 179ª posição de 180 no indicador “Segurança”.
Para a 20ª edição do Ranking Mundial, a RSF atualizou sua metodologia, trabalhando com um comitê de sete especialistas do mundo acadêmico e da mídia. Devido a essa mudança metodológica, as comparações de classificação e pontuação entre 2021 e 2022 devem ser feitas com cautela. Acesse aqui o relatório completo.