Pesquisa revela a percepção de jornalistas mulheres e LGBT+ sobre os efeitos da desinformação

Por Victor Moura abr 27, 2022

Pesquisa revela a percepção de jornalistas mulheres e LGBT+ sobre os efeitos da desinformação e da violência online 

Para 93% dos jornalistas, a desinformação é um fenômeno muito grave. 55% avaliam que ela tem um impacto cotidiano em suas rotinas profissionais. 

Disponíveis em relatório online divulgado em live nesta terça (26), dados revelam que os efeitos da desinformação e da violência online contribuíram com a ampliação da hostilidade e da desconfiança contra a imprensa, operando direta e indiretamente como mecanismos de censura e silenciamento. Metade dos jornalistas que responderam à pesquisa afirmam já terem sofrido algum tipo de violência devido ao exercício da profissão, e 8 em cada 10 afirmaram já terem presenciado alguma situação desse tipo com algum outro colega.

O produto é fruto da parceria entre o veículo Gênero e Número e a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF).. Ela reúne dados da população de jornalistas de todas as regiões do Brasil, mais especificamente do grupo que dispõe de algum equipamento digital com acesso à internet. O levantamento contou com 237 participantes e foi estruturado a partir de 3 eixos: Desinformação, Violência Online e Proteção e Plataformas.

O objetivo da pesquisa era  investigar como a desinformação e a violência contra profissionais da imprensa têm repercutido no dia a dia do trabalho. “Os dados que estruturamos e analisamos mostram algo importante: jornalistas mulheres e LGBTs alteraram hábitos e formas de fazer seu trabalho numa tentativa de menos exposição. É alta a percepção de insegurança, e para a maioria dos respondentes o Governo Bolsonaro acirrou o fenômeno da desinformação no Brasil, afetando a rotina de trabalho, a saúde e a vida pessoal dos jornalistas”, analisa a diretora de dados da GN e responsável pela metodologia da pesquisa Natália Leão.

Entre os tipos de violência mais presentes, conteúdos com xingamentos ou palavras hostis aparecem em primeiro lugar (35%), seguido por ataque ao trabalho (34%) e desqualificação do trabalho realizado (33%). O terceiro grupo de violações mais frequentes são ataques misóginos ou com conotação sexual (19%), nos quais a agressão é direcionada à mulher jornalista com objetivo de intimidar, desqualificar e gerar dano à sua reputação. 

De maneira geral, os efeitos da violência online na rotina profissional se concretizam como outras formas de violações, impactando o direito de se expressar e desenvolver suas habilidades profissionais. Exemplo disso é que 14% dos jornalistas que relataram ter sofrido algum tipo de ataque, passaram a evitar produzir conteúdos sobre determinados assuntos e 7% informaram que deixaram de cobrir algum tema ou editoria temporariamente. 

Entre as pessoas que informaram terem sofrido violência online, 45% reconheceram os impactos disso em sua vida pessoal. Quase um quarto (24%) percebeu estar mais inseguro ou ansioso desde o episódio de violência vivido. Esse tipo de impacto está diretamente ligado ao bem estar emocional do indivíduo e também seu direito à liberdade de expressão.

“A pesquisa evidencia como a deterioração do debate público, associada aqui à desinformação, à discursos estigmatizantes e ao assédio na internet, também passa a funcionar como mecanismo de pressão no exercício da atividade jornalística, operando em alguma medida como instrumento de censura e silenciamento”, declarou Emmanuel Colombié, diretor da RSF para a América Latina.

Acesse o link e leia o relatório na íntegra.

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