Quatro encontros do Festival 3i para refletir sobre jornalismo ambiental

Por Tainah Ramos mar 07, 2023

Nas duas edições realizadas em 2022, o evento da Ajor trouxe a temática ambiental para o centro do debate

Um dos maiores encontros de jornalismo inovador da América Latina, o Festival 3i estará de volta ao Rio de Janeiro entre os dias 5 a 7 de maio para a sua quarta edição nacional. O evento acontece na Casa da Glória, casarão histórico localizado na zona central da cidade. As inscrições e a programação ainda não estão disponíveis. 

Em 2022, o Festival realizado pela Ajor (Associação de Jornalismo Digital) teve duas edições: uma nacional, em março, e uma regional, em novembro. Em ambas, o olhar para o jornalismo ambiental foi central. 

Relembre alguns dos encontros e convidados que debateram sobre o tema:

Novos olhares para a cobertura ambiental

Das mudanças climáticas à gestão pública e geopolítica, as pautas socioambientais se conectam em uma complexidade, que deve ser traduzida pelos repórteres ao público. O jornalismo ambiental vai além de reportar fatos, é necessário contextualizá-los — da ciência à economia, da base de dados às histórias locais.

“As mudanças climáticas não são uma questão só do planeta, mas uma questão social. Não tem mais como fazer uma cobertura ambiental sem pensar em justiça social. Ao mesmo tempo que o jornalismo ambiental é um irmão gêmeo da ciência, ele precisa de contexto econômico, político e social. Às vezes é necessário entender um pouco de antropologia para entender porque determinadas coisas acontecem”, afirmou a jornalista ambiental Tatiane Matheus, em mesa ao lado de Claudio Angelo, do Observatório do Clima, e Marina Marçal, do Instituto Clima e Sociedade, com mediação de Maristela Crispim, fundadora do Eco Nordeste.

Livro-reportagem e Amazônia Centro do Mundo

As jornalistas Ana Magalhães, da Repórter Brasil, e Maria Fernanda Ribeiro, da Amazônia Real, entrevistaram a jornalista e escritora Eliane Brum sobre seu livro “Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, uma obra com profundidade sobre a floresta e seus povos. “Reivindicar o reconhecimento da legítima centralidade da Amazônia significa demandar legitimidade da centralidade dos enclaves da natureza, das florestas tropicais, dos oceanos e de outros biomas”, destacou a autora.

Além de sua vivência no município amazônico de Altamira, no Pará, afetado pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu, Brum aborda a questão dos livros-reportagem, como as nuances de pautas, o mercado editorial e a perspectiva do jornalismo independente.

“Ecologia do desastre”, uma entrevista com Ailton Krenak

Como a imprensa brasileira cobre as questões indígena, ambiental e a crise climática que está afetando o mundo inteiro? Liderança indígena, intelectual, escritor e ambientalista, Ailton Krenak foi entrevistado pelas jornalistas e cofundadoras da Amazônia Real, Elaíze Farias e Kátia Brasil.

Krenak lembra do papel da imprensa na criminalização dos povos indígenas durante a luta pela inclusão de seus direitos na Constituição de 1988, em que reproduziam desinformação sobre a demanda dos movimentos sociais. “O jeito como um jornal divulga um fato informa sobre quem manda.”

Conversa no jardim: cobertura ambiental no nordeste

Em bate-papo durante o Festival 3i Nordeste, Maristela Crispim, a editora do ((o))eco, Daniele Bragança, e Raíssa Ferreira, da organização CLUA (Climate and Land Use Alliance), trazem dicas da cobertura ambiental que traga uma visão descentralizada pensando em técnica e qualidade. Um dos pontos refletidos foi aa dificuldade de cobrir meio ambiente a distância.

“É desafiador quando a gente se propõe a cobrir o Nordeste. O grande diferencial de quem está aqui na região é poder mostrar o quanto somos diversos. Somos muito diferentes, temos várias paisagens, várias formas de se relacionar com o meio ambiente, várias populações tradicionais. Temos um território vasto, permeado por diferentes biomas. Claro que a Caatinga é predominante, mas não podemos esquecer que tem o Cerrado, a Mata Atlântica e um ecossistema costeiro que não pode ser ignorado”, reflete Crispim.

outras notícias

veja também