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Transformando redações no Brasil

por | fev 9, 2023

Este texto foi publicado originalmente pelo ICFJ (International Center for Journalists), em 2 de janeiro de 2023.  

Meios de comunicação em todo o Brasil – de estações de rádio na Amazônia a redações tradicionais em São Paulo – estão expandindo seu alcance e aumentando sua produção de conteúdo digital por meio de uma iniciativa de grande escala do ICFJ apoiada pela Meta, e que agora está iniciando uma segunda edição. O programa foi concebido para ajudar as organizações de notícias brasileiras a atender melhor às necessidades de suas comunidades na era digital, em um momento de desinformação crescente. A Ajor (Associação de Jornalismo digital) foi uma das organizações parceiras da iniciativa.

No primeiro ano de projeto, o Acelerando a Transformação Digital ofereceu treinamento em tópicos de mídia digital para mais de 1,5 mil profissionais. Além disso, 80 organizações de notícias e 80 jornalistas independentes foram selecionados para receber U$ 1,4 milhão de dólares em bolsas de inovação, que usaram para construir estúdios de gravação, comprar equipamentos, desenvolver novos sites, e mais. IOs mentores do programa passaram mais de 1,2 mil horas aconselhando os participantes enquanto eles desenvolviam seus projetos, desde a implementação de um plano de marketing para um novo podcast até a identificação de novos fluxos de receita digital.

Conheça alguns dos impactos do programa: 

  • O Estafeta, um pequeno site de notícias locais no sul do Brasil, desenvolveu uma nova estratégia de audiência que aumentou suas visitas mensais de 21 mil para 142 mil em três meses – um aumento de quase 700%.
  • A Agência Tatu, especializada em jornalismo de dados, renovou sua marca e treinou sua equipe para criar identidades visuais coesas para a visualização de dados, com o objetivo de que o público possa identificá-los facilmente quando republicados. A agência de notícias teve um aumento de 107% nos usuários únicos do site e um aumento de 112% nas visualizações únicas do site.
  • A Folha de Londrina criou um programa regional sobre crimes reais chamado Banco dos Réus, que disparou como o podcast número um da Apple no Brasil. Em cinco meses, o podcast acumulou uma audiência de 50 mil ouvintes únicos e 22 mil downloads.

O programa foi concebido para atingir a mídia em todo o país, inclusive nas áreas rurais, que muitas vezes são negligenciadas. Também envolveu uma variedade de veículos de notícias, desde pequenas equipes até grandes emissoras nacionais com milhares de funcionários.

“Os jornalistas com quem trabalhamos agiram rapidamente para implementar novos projetos, muitas vezes desafiadores, que levaram as operações digitais de suas redações para o próximo nível”, afirmou Alison Grausam, gerente de programas do ICFJ. “Foi impressionante – e revelador – ver o apetite e a paixão por esse tipo de oportunidade entre os jornalistas brasileiros.”

Para a Alma Preta, a maior organização de notícias com foco na cobertura racial no Brasil, a iniciativa proporcionou uma oportunidade importante e rara, disse a CEO, Elaine Silva. O veículo, que se dedica a aumentar a representação do negro na mídia no Brasil, atinge hoje mais de 520 mil pessoas no Instagram – sua maior plataforma – com histórias sobre política, brutalidade policial e outros temas.

“Noventa e nove por cento das pessoas que trabalham na Alma Preta são negras”, disse Silva. “A maioria deles não tem uma formação completa, e acho que esse é um dos nossos maiores desafios. Então o maior valor do programa é o conhecimento. O conhecimento vale muito mais que dinheiro, porque com conhecimento podemos transformar e multiplicar nossos sonhos.”

Já a equipe da Ponte Jornalismo, veículo de notícias focado na cobertura da segurança pública e a violência do estado, trabalhou com um mentor para desenvolver treinamento em jornalismo de dados para sua equipe. O editor Amauri Gonzo afirma que sua equipe entendia o potencial do jornalismo de dados, mas não tinha as habilidades para isso. Agora eles estão descobrindo histórias e reportando de uma nova perspectiva. Como exemplo, Gonzo citou a reportagem da Ponte Jornalismo, que constatou que quase metade dos boletins de ocorrência em São Paulo não mostram a raça das vítimas.

“Depois do programa, temos uma nova maneira de ver o mundo”, disse Gonzo, “e uma nova maneira de fazer nosso jornalismo”.

Além dos ganhos individuais para cada redação, a iniciativa Acelerando a Transformação Digital permitiu uma poderosa troca de ideias entre veículos e jornalistas, disse Thayane Guimarães, consultora de programas do ICFJ.

“A minha esperança depois deste programa é que os participantes continuem a crescer com os seus produtos e projetos, mas também que aproveitem esta oportunidade para continuarem a colaborar e trocar ideias .” disse Guimarães. Talvez um produto que foi lançado no Norte também possa ser lançado no Sul, assim teremos um crescimento em todo o ecossistema de mídia no Brasil.”

A nova rodada do programa, o Acelerando Negócios Digitais, está com as inscrições abertas até 26 de fevereiro.