Festival 3i 2024: pesquisa mostra mapa de políticas estaduais e municipais de apoio ao jornalismo

Estudo funciona como uma janela para o melhor entendimento do nível de investimentos públicos no setor jornalístico pelo país

Por Festival 3i jun 14, 2024

Estudo funciona como uma janela para o melhor entendimento do nível de investimentos públicos no setor jornalístico pelo país

Por Festival 3i jun 14, 2024

* Por Luís Gustavo Novais

No dia de abertura do Festival 3i 2024, na quinta-feira (13), a analista de relações governamentais e consultora, Tayanne Galeno, apresentou uma pesquisa inédita com o mapeamento de políticas estaduais e municipais de apoio ao jornalismo. Tayanne apresentou os números no novo formato do Festival, Dados e Tendências. O estudo funciona como uma janela para o melhor entendimento do nível de investimentos públicos no setor jornalístico pelo país. O levantamento foi encomendado pela Ajor (Associação de Jornalismo Digital), também realizadora do Festival 3i.

Para a pesquisa, foram analisados editais abertos em 27 unidades federativas e 41 municípios, destrinchando 47 políticas estaduais e 54 municipais. A partir disso, foi possível enxergar, por exemplo, quais editais de prêmios de jornalismo foram criados como forma de incentivo, estimulando os profissionais a produzirem reportagens voltadas a temas e ações que o poder público tinha interesse em promover. No caso de Fortaleza, no Ceará, por exemplo, um dos editais indicava uma premiação para a produção de reportagens que elencassem as melhores políticas públicas que impactaram a cidade.

Outra vertente de política pública encontrada foi o fomento de produções voltadas à cultura, com foco em valorização local e territorial. Além disso, os jovens também entraram no radar, já que foram mapeadas em alguns municípios linhas de incentivo a jornalistas recém-formados para produção de reportagens.

Para Tayanne, a discrepância em relação a ações afirmativas nos editais é sensível. Enquanto uma parte dos editais previa ações para inclusão de pessoas com deficiência, transexuais, pessoas pretas e indígenas, outros não faziam menção alguma a cotas buscando a diversidade.

Para a pesquisadora, é importante ressaltar que um país continental como o Brasil por vezes acaba sendo refém de seu próprio tamanho, inviabilizando um acesso igualitário a políticas públicas. Por isso, é importante pensar em medidas que possibilitem esse acesso a todos. Ela contou o caso de um edital na Bahia em que propostas que fossem feitas por grupos de jornalistas de comunidades em municípios com menos de cem mil habitantes e com baixo IDH também saíam em vantagem no processo. “Existe essa possibilidade [do poder público incluir ações afirmativas direcionadas a grupos específicos nos editais] que pode ser muito importante, esses olhares [de redução de desigualdades] para uma política nacional que se pretenda criar para o incentivo ao jornalismo digital”, disse Tayanne.

Uma deficiência dos editais, relatada pela palestrante, é a falta de monitoramento dos projetos realizados. Para ela, isso mostra como o monitoramento costuma estar mais atrelado ao lado financeiro, e não focado na efetivação de políticas públicas. “Quando a gente não tem uma política efetiva que tenha indicadores de resultado, indicadores de monitoramento, a política não consegue se manter, não consegue ser perene”, finalizou.

*Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i 2024 com as faculdades ESPM-RJ, PUC-RJ e Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA).

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