Associadas à Ajor representaram mais da metade das iniciativas mapeadas; material sobre o ecossistema brasileiro será incluído em uma base global
Associadas à Ajor representaram mais da metade das iniciativas mapeadas; material sobre o ecossistema brasileiro será incluído em uma base global
Pesquisa sobre sustentabilidade e inovação de organizações de jornalismo nativas digitais, o “Project Oasis” incluiu pela primeira vez informações sobre veículos brasileiros em seu diretório. A iniciativa começou em 2019 na América do Norte e tem o objetivo de criar uma base de dados global sobre o ecossistema de jornalismo digital.
Com apoio da Google News Initiative, o mapeamento no Brasil foi realizado em parceria com a Ajor (Associação de Jornalismo Digital), que se somou a um grupo de organizações aliadas à SembraMedia, líder do programa. Os parceiros incluem, também, LION Publishers (América do Norte) e European Journalism Centre, Media and Journalism Research Center, Global Forum for Media Development e International Media Support (Europa).
O lançamento das informações brasileiras aconteceu durante o primeiro dia do Festival 3i 2024, nesta quinta-feira (13), na Casa Firjan, no Rio de Janeiro, e contou com a apresentação da diretora do Project Oasis Global, Ana Paula Valacco, e o coordenador do programa no Brasil, Marcelo Fontoura.
Ao longo de cinco meses de trabalho, nove pesquisadores distribuídos pelas cinco regiões do país reuniram dados sobre receita das organizações, modelo de negócio, gênero dos fundadores e número de funcionários. Ao todo, foram mapeados 164 veículos, sendo 60% associados à Ajor.
“A participação da Ajor como coordenadora do estudo e a grande participação das associadas nas entrevistas traduzem nossos esforços de contribuir com a ampliação da produção de conhecimento sobre o campo do jornalismo digital, especialmente porque a elaboração e visualização desses dados são essenciais para pensar estratégias que fomentem a sustentabilidade financeira das organizações e um ecossistema jornalístico mais diversificado”, afirma Maia Fortes, diretora-executiva da Ajor.
Os resultados da pesquisa revelam que mais de 80% dessas mídias têm pelo menos uma mulher em sua equipe de fundadores – 18% foram fundadas por homens, 44% por mulheres e 38% por ambos. No entanto, as organizações fundadas por mulheres têm, em média, 20% menos receita do que aquelas fundadas apenas por homens. Já as fundadas por equipes mistas têm receitas ligeiramente mais altas do que as fundadas por homens.
Outra observação obtida foi a necessidade de mais apoio ao jornalismo local e hiperlocal. Os veículos com cobertura internacional registram receitas 50% maiores do que aqueles que cobrem questões nacionais. Estes últimos, no entanto, têm rendimentos cerca de quatro vezes maiores do que os que focam na agenda regional e local.
“A oportunidade de contar com dados comparáveis do ecossistema de meios de comunicação do Brasil é muito importante e interessante quando trabalhamos com a América Latina porque é um ecossistema vibrante, diverso e inovador. Por vezes, é difícil criar um espaço em que conversam. Contar com um projeto desse tipo e com a possibilidade de nos aproximarmos de meios muito diversos do próprio Brasil para gerar dados que nos deem informações sobre como funcionam, como crescem e como se comparam entre eles é um desafio enorme, mas também é uma possibilidade que dialoguem com o resto do mundo e gerem oportunidades de colaboração e aprendizagem entre o Brasil e outros países”, explica Valacco.
O primeiro relatório global e a base de dados completa serão publicados em julho deste ano, com mais de três mil perfis em mais de 65 países, expandindo-se também para Ásia, África e Oriente Médio. Será disponibilizado um diretório com perfis detalhados, opções para comparar e produzir mais conhecimento a partir das informações de mais de 160 mídias brasileiras somadas ao conjunto dos outros países.
