A Ajor se solidariza com toda a equipe da agência e reforça seu posicionamento a favor do livre exercício do jornalismo profissional de suas associadas
Uma decisão da Justiça do Amazonas obrigou a agência de jornalismo investigativo Amazônia Real a retirar uma reportagem do ar sob pena de multa, em uma ação clara de censura jornalística.
Publicada em 14 de maio de 2021, a matéria “Iate do Amazon Immersion estava sem autorização”, de autoria do jornalista Leanderson Lima, investigou a propriedade dos três iates de luxo contratados pelo evento “Amazon Immersion”, que foi interceptado em uma operação da Polícia Civil do Amazonas quando navegava pelo rio Negro promovendo festas clandestinas com turistas brasileiros e estrangeiros.
A 10ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Comarca de Manaus acatou o pedido dos empresários Waldery Areosa Ferreira, Daniel Henrique Louzada Areosa e da empresa WL Sistema Amazonense de Turismo, que alegam que não foram consultados antes da divulgação das informações e que a matéria tem conteúdo difamatório e calunioso, comprometendo a honra, a reputação e a imagem deles.
Embora apenas trechos da apuração jornalística tenham sido contestados, a juíza Mônica Cristina Raposo da Câmara Chaves do Carmo, da 10ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Comarca de Manaus, determinou a remoção de todo o conteúdo. A agência está recorrendo na Justiça contra a censura e as acusações.
Segundo Bárbara Trindade, advogada da agência, “ao determinar a retirada da matéria do ar, sem oportunizar à Amazônia Real o contraditório, a decisão proferida consubstancia censura, de forma que impede o livre exercício de atividade jornalística”.
A jornalista Kátia Brasil, cofundadora e editora executiva da agência, também recebeu a decisão como uma violação de direitos da liberdade de imprensa. “A agência Amazônia Real ser censurada por um empresário, acusado de diversos processos, e em plena democracia é algo que eu jamais imaginava acontecer. Essa decisão judicial não fere só a liberdade de imprensa, fere toda a mídia independente e investigativa brasileira que exerce o jornalismo para tornar os cidadãos deste país pessoas livres de amarras e de desinformação”, afirmou.
A tentativa de cerceamento da atividade jornalística por vias judiciais configura mais um tipo de ataque à liberdade de imprensa, garantida pela Constituição. Não podemos permitir que jornalistas sejam vítimas de processos abusivos como forma de silenciar investigações e impedir a fiscalização dos poderes. A Ajor se solidariza com a equipe Amazônia Real e reforça seu posicionamento a favor do livre exercício do jornalismo profissional de suas associadas.