O relatório da pesquisa do Reuters Institute realizada em 2021 revelou que a confiança dos brasileiros nas notícias cresceu durante a pandemia, embora menos do que no resto do mundo. A maioria da população também afirmou que a imprensa ajudou mais a entender como as vacinas funcionam e como seria o esquema vacinal do que o governo.
A pesquisa faz parte da décima edição do Digital News Report, realizada pelo Instituto Reuters da Universidade de Oxford. O relatório de 2021 foi feito com base em dados de seis continentes e 46 nações e traz dados sobre as principais questões que o jornalismo enfrenta em um momento de profunda incerteza e mudanças instantâneas.
Em comparação à pesquisa de 2020, o Brasil acompanhou a tendência global de aumento na confiabilidade das notícias. Mas enquanto a média global foi de um incremento de 6 pontos percentuais, no Brasil o aumento foi de metade disso. Em 2021, 54% dos entrevistados disseram confiar no noticiário, contra 51% em 2020.
O número brasileiro está acima da média global, de 44%, e de países desenvolvidos como Alemanha (53%), Suécia (50%), Canadá (45%), Itália (40%), Reino Unido (36%), Espanha (36%), França (30%) e Estados Unidos (29%). Entre os países da América Latina, é a nação com maior porcentagem, ficando na frente de Colômbia (40%), Peru (40%), México (37%), Chile (36%) e Argentina (36%).
De acordo com o Instituto, “a maior confiança nas notícias – e nas fontes que as próprias pessoas usam – pode estar relacionada à ampla cobertura do Coronavírus. Isso pode ter feito as notícias parecerem mais diretas e baseadas em fatos.”
A pesquisa também quis saber se a imprensa ou os governos ajudaram a população a entender como as vacinas funcionam e como seria o esquema de vacinação em cada país. No Brasil, 60% dos respondentes disseram concordar com a frase “A imprensa (news media) me ajudou a entender como as vacinas funcionam”, e apenas 40% concordaram que “O governo me ajudou a entender como as vacinas funcionam”. Em relação ao esquema vacinal, 65% concordaram com a frase “A imprensa me ajudou a entender como a população será vacinada”, e 46% concordaram com a frase “O governo me ajudou a entender como a população será vacinada”.
Apesar de os dados mostrarem uma confiança robusta do brasileiro nas notícias veiculadas pela imprensa, ainda há uma minoria considerável com visões negativas a respeito da prática jornalística. Para 36% dos entrevistados no país, os jornalistas recebem dinheiro de suas fontes; 35% acreditam que os profissionais deixam suas opiniões pessoais interferirem na apuração; 43% disseram que os jornalistas tentam manipular a audiência; e 44% afirmaram que repórteres fazem provocações para chamar atenção para si.
Esses dados são um reflexo importante da população brasileira em relação ao jornalismo. Segundo o relatório, este aspecto “é importante especificamente para os jornalistas, pois desejam que as pessoas confiem em suas reportagens e também, para os meios de comunicação que dependem das pessoas que consomem as notícias que produzem”
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