Por Emerson Saboia, da Universidade Católica de Pernambuco
Dados do site Statista e do instituto IBOPE colocam o Brasil como o 3º país que mais consome podcasts no mundo, de acordo com levantamento de 2022. O formato, assim como as discussões sobre a sua viabilidade e impacto, ganham cada vez mais força no país. No Festival 3i Nordeste, realizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) no último dia 19, uma das discussões pautou o assunto. A mesa “O ‘ano do podcast’ no Brasil finalmente chegou?” contou com a presença de cinco podcasters e jornalistas que debateram sobre a produção deste tipo de mídia na região Nordeste, além de maneiras de financiar projetos em áudio.
A conversa foi composta por Caio Santos, representando a Griot Podcasts e mediando a mesa; Inês Aparecida, coccriadora do podcast As Cunhãs; Luan Alencar, editor e podcaster no Budejo; Celso Ishigami, cocriador do podcast 45 minutos e Aldenora Cavalcante, podcaster e criadora no Malamanhadas. Caio abriu a discussão explicando o trabalho da Griot, produtora de podcasts narrativos e que “explora vários temas diferentes em suas histórias”. O jornalista fez questão também de mencionar que estava cercado de podcasters “que escutava, alguns, antes até de pensar em trabalhar com podcast”. O representante da Griot chamou Aldenora Cavalcante, do Malamanhadas, para começar o debate.
O Malamanhadas é um podcast feito por mulheres que levanta discussões sobre protagonismo feminino e políticas de gênero. Como Aldenora explicou, “é tudo isso que atravessa a vida das mulheres”. A jornalista também falou sobre o que motivou a criação do Malamanhadas: “Quem está olhando os podcasts do Nordeste? A partir desse incômodo, buscamos outros podcasts produzidos na região com o objetivo de furar a bolha de produção e de audiência”. Cavalcante ainda incentivou o público presente a criar podcasts e Caio Santos reforçou: “Pra incentivar as pessoas é importante que elas saibam que a barreira de entrada para fazer um podcast não é tão alta, o problema é a manutenção. É você fazer aquilo ser relevante e sempre estar melhorando seu conteúdo”.
Luan Alencar, do podcast Budejo, iniciou sua fala trazendo a perspectiva de quem produz podcast no sertão: “No Cariri tinha muita gente que gostava de podcast, mas não havia nada de lá, então o Budejo veio dessa necessidade. Começamos a falar sobre a região e do que conhecíamos”. O Budejo aborda diversos temas e possui uma base sólida de ouvintes, mas mesmo assim a disputa por espaço nas plataformas é difícil. Ele pontua que o universo do podcast não é democrático: “Basta acessar um streaming e observar quais programas são indicados na sua timeline, não são programas do Nordeste”. O editor e apresentador do Budejo ainda deixou uma dica para financiar projetos: “Temos o grande desafio de furar a bolha para conseguir patrocínio, por exemplo. Tornar o podcast exclusivo de uma plataforma, pode ser um caminho”.
Representando o jornalismo esportivo, Celso Ishigami trouxe diversos pensamentos sobre comunicação no Nordeste, financiamento e audiência. Celso representava na mesa o Podcast 45 minutos, um dos mais antigos e consolidados podcasts de Pernambuco. “Enquanto as outras mídias projetam imagens ou textos, o rádio e o podcast, ocupam um lugar muito poderoso, que é a mente das pessoas”, afirmou. Ishigami trabalhou com a cobertura esportiva em jornal impresso por anos e aproveitou o espaço para sair em defesa dos jornalistas esportivos do estado: “Aqui em Pernambuco, não se engane, nós temos a maior escola de jornalismo esportivo do Nordeste. Os melhores profissionais estão aqui”.
“A princípio, o foco seria a política do Ceará por causa das lacunas da grande imprensa. Com as notícias focadas no cenário nacional, sentimos a necessidade de falar sobre o nosso Estado e colocar o olhar feminino sobre a política”, foi assim que a carismática cearense Inês Aparecida, cocriadora do podcast As Cunhãs, começou a contar a história do projeto. Inês, que tem ampla experiência com o jornalismo político, também confessou que a ideia do As Cunhãs partiu de um incômodo com a cobertura jornalística nacional: “Por que só macho falando de política? Fomos lá e começamos com o que tínhamos”.
A resposta da pergunta que deu nome para a mesa não foi necessariamente respondida, mas a jornalista do Ceará deixou sua opinião: “Queria mesmo [que esse fosse o ano do podcast] pra gente contrapor essa mídia tradicional e que se diz imprensa livre. Pra gente realmente chegar nas pessoas”.
Assista à mesa na íntegra:
*Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i Nordeste entre a Ajor e a Unicap (Universidade Católica de Pernambuco).
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