Festival 3i Nordeste: como se tornar um jornalista freelancer?

Por Festival 3i dez 07, 2023

As comunicadoras Beatriz Jucá e Joana Suarez dão dicas sobre o mercado de repórteres independentes que vendem e produzem pautas para veículos de comunicação

Por Aldernes Mendes e Lorena Louise*

Independente, desafiador, criativo, estratégico e transparente. O jornalismo “freelancer” surge como uma alternativa às empresas de comunicação tradicionais, proporcionando mais autonomia e flexibilidade aos profissionais. As jornalistas Beatriz Jucá e Joana Suarez compartilharam 12 dicas sobre o fazer jornalístico de comunicadores autônomos em uma oficina do Festival 3i Nordeste, na última sexta-feira, 1º.

Realizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), em parceria com o curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), no Ceará, o workshop “As novas competências que todo jornalista precisa ter” apontou os desafios e benefícios que permeiam os freelancers. As jornalistas passearam por temáticas como sugestão de pauta, apuração, convívio com as fontes, construção textual e relação com os editores.

Encontro de profissionais e estudantes de Jornalismo na oficina “As novas competências que todo jornalista precisa ter” / Foto: Micaela Menezes (@micaelamesant)

O encontro de Beatriz Jucá e Joana Suarez

A conexão entre as duas profissionais vai além da atuação freelancer. Beatriz Jucá, natural do solo cearense, iniciou sua carreira nas redações de jornais tradicionais, como a do Diário do Nordeste e a do El País. Entretanto, ao procurar por espaços independentes, visando novos formatos de produção jornalística, Beatriz se deparou com uma oficina ministrada por Joana Suarez.  

Abordando técnicas e novas visões, a “pernambucana/mineira” Joana, como gosta de se definir, traz a importância da comunicação humana e do questionar. Para ela, que é jornalista investigativa e também iniciou sua trajetória em redações convencionais antes de migrar para a área freelancer, “contar uma história é entender o que você tem”.  

Desde então, Beatriz e Joana vivenciam cotidianos “parecidos”, lidando com o novo,  diariamente, e “saindo da bolha”. Ser transparente, “abrir a mente”, estar bem informado e pensar estrategicamente, são algumas das sugestões presentes nas realidades do comunicador autônomo, segundo as palestrantes.

Para mais dicas sobre como se aventurar neste universo, as jornalistas pontuaram, em conjunto, direcionamentos necessários para construir uma carreira. Confira abaixo. 

Por onde começar a trabalhar como freelancer?

Em uma gaveta vazia, deposite informações que lhe chamem atenção, contatos de pessoas conhecidas e de instituições relevantes, fique atento às pautas que o cercam e lhe interessam. A primeira dica do workshop “As novas competências que todo jornalista precisa ter” desperta para a atenção ao cotidiano e aos assuntos que aparecem espontaneamente. Estes temas, sob o olhar jornalístico, podem dar origem a matérias e reportagens. 

É importante observar as possibilidades de pautas e ter uma reserva para quando surgir uma oportunidade em algum veículo. Beatriz Jucá salienta ainda para a necessidade de ver pautas recorrentes com outra perspectiva: “a pauta está na sua cara e você não vê”, brinca a jornalista.  

Diferente das mídias tradicionais, em que muitas pautas são sugeridas pelo superior hierárquico, de acordo com o interesse e linha editorial da empresa, no mercado freelancer são os profissionais que vendem as pautas para os jornais.  

No intuito de sugerir pautas mais assertivas, as jornalistas aconselham: “leia os veículos que deseja sugerir pauta, com atenção ao estilo, perfil das histórias, linha editorial ,etc.” 

Enquanto gerente de Jornalismo da revista “AzMina”, que aborda temas feministas e com foco em gênero, Joana Suarez exemplifica. “Já recebi pauta na AzMina que não tem nada a ver com o que a gente faz. E falei ‘olha, sua pauta não tem a ver com AzMina’; aí, a pessoa (que sugeriu) já não fica bem vista.”

Com esta consciência e a ideia de matéria em mente, busque os editores dos veículos que você quer fazer negócio nas redes sociais e  mande um e-mail. Venda a ideia com os pormenores e pretensões além de adicionar “título, substituição e até dois parágrafos contando melhor a história que já começou a apurar”, salienta Joana Suarez.

“Vou ganhar dinheiro atuando como um freelancer?”

No quesito financeiro, a dica é se organizar entre “pautas curtas (mais factuais) e longas (mais aprofundadas)”. Dessa forma, o retorno financeiro é alternado entre pagamentos menores, mas rápidos e pagamentos maiores, mas demorados. 

Também, não se acanhe em negociar o valor dos pagamentos com os editores, quando você julgá-lo injusto. Na experiência de Beatriz Jucá, os veículos nunca deixaram de aceitar pautas ou chamá-la para outras oportunidades depois que o jornalista questiona as condições e os pagamentos de trabalhos.

Beatriz Jucá e Joana Suarez durante a oficina “As novas competências que todo jornalista precisa ter” / Foto: Micaela Menezes (@micaelamesant)

Dica Bônus

As jornalistas frisaram, ainda: “Por fim, sempre bom lembrar que não há só opção de ‘freelar’ para veículos já existentes, mas podemos criar projetos de publicação como podcasts, sites temporários, documentários – e financiar esses trabalhos com bolsas e granas de editais de jornalismo nacional e internacional”.

*Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i Nordeste entre a Ajor e a Unifor (Universidade de Fortaleza).

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