Festival 3i Nordeste: 30 anos do Manguebeat e o legado para o jornalismo cultural

Texto: Deborah Amanda, da Universidade Católica de Pernambuco

Movimento cultural mais importante das últimas décadas em Pernambuco, o Manguebeat foi tema de uma das conversas no jardim realizadas no dia 19 de novembro, na edição Nordeste do Festival 3i. Participaram os jornalistas Marcelo Pereira, presidente do Conselho Editorial da CEPE Editora, e o editor da Revista O Grito! Paulo Floro. A conversa discutiu o legado do mangue beat para o jornalismo cultural e a sua influência nos veículos que pautam a cultura atualmente. 

Nos primeiros momentos do debate, Marcelo e Paulo falaram de suas experiências na cobertura dos cadernos de cultura, em especial de pautas voltadas ao movimento manguebeat nos jornais tradicionais em época de tecnologia limitada. Pereira conta que, por terem proximidade com a cena pernambucana na época, os redatores possuíam maior liberdade para cobrir esse cenário.

“Se falava muito de querer oxigenar e trazer a música pernambucana para uma coisa mais próxima da realidade. Acompanhamos toda a movimentação neste ambiente mais analógico e tínhamos que fazer o contato corpo a corpo”, lembra. Ele continua dizendo que, por não terem discos gravados na época, os artistas do movimento faziam a divulgação por meio de filipetas e panfletos, um boca a boca que fez a cena se expandir para fora de Pernambuco.

“Quando a gente começou, havia uma troca muito grande, nos apropriamos da linguagem do movimento nos nossos textos tentando refletir o que eles falavam”, conta Pereira. Ele ainda destacou o cuidado em traduzir essa linguagem para o público de um jornal conservador, a fim de mostrar para os leitores que aquela era uma música que trazia de fato uma proposta. 

A conversa, que se concentrou na relação do movimento com a mídia, trouxe diversas colocações importantes sobre a troca que o manguebeat ofereceu ao jornalismo e à sociedade pernambucana, para além do mercado. 

Memória

O Manguebeat (também grafado como manguebit) é um movimento de contracultura surgido em Pernambuco no início da década de 90, combinando vários ritmos regionais, como o maracatu, a rock, hip hop, funk e música eletrônica. Tem origem com o manifesto Caranguejos com Cérebro, escrito em 1991 pelo cantor Fred 04 e pelo e jornalista e DJ Renato L, e tem entre os grandes nomes bandas como Mundo Livre S/A, liderada por Fred 04, e Chico Science & Nação Zumbi.

Assista à mesa na íntegra:

 *Reportagem produzida por estudantes de jornalismo para o Foca no 3i, parceria de cobertura do Festival 3i Nordeste entre a Ajor e a Unicap (Universidade Católica de Pernambuco).

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