O uso massivo da inteligência artificial para a geração de notícias e o recuo na distribuição de notícias via redes sociais são alguns dos insights do estudo
O Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, ligado à Universidade de Oxford, publicou nesta terça-feira (9) seu relatório anual sobre tendências para o jornalismo. O estudo, liderado pelo pesquisador e consultor de mídia Nic Newman, entrevistou mais de 300 líderes de empresas de jornalismo em 56 diferentes países.
A pesquisa foca em entender as intenções dos veículos em relação à estratégia digital e de negócios para o ano de 2024. No sumário executivo do relatório, Newman destaca o poder disruptivo que a inteligência artificial terá para o ecossistema de jornalismo ao redor do mundo e que trará implicações importantes na sustentabilidade de meios e no nível de confiança em notícias pelos leitores.
O relatório destaca que menos de 50% dos líderes entrevistados estão confiantes sobre os negócios em 2024, um reflexo de um mercado publicitário atribulado, demissões e fechamentos de veículos e conflitos com plataformas tecnológicas.
Mais de 60% dos entrevistados dizem estar preocupados com um declínio acentuado no tráfego gerado por redes sociais. Em 2023, o tráfego para sites de notícias do Facebook caiu 48% e 27% no X, antigo Twitter, segundo dados do Chartbeat.
Para conter o problema, as organizações afirmaram que apostarão cada vez mais na construção de canais diretos com os consumidores por meio de sites, aplicativos de mensagem, newsletters e podcasts – nos quais podem ter mais controle sobre os dados.
O estudo também destaca que a inteligência artificial ganhará cada vez mais relevância para o ecossistema do jornalismo. A IA para automação de notícias é considerado o uso mais importante da tecnologia por 56% dos entrevistados, seguido por recomendações (37%) e usos comerciais (28%).
Os entrevistados, no entanto, se mostram preocupados sobre os possíveis impactos que a tecnologia pode ter ao ser utilizada, por exemplo, para influenciar resultados eleitorais. A maioria dos líderes também acredita que a IA terá um impacto negativo no nível de confiança da população em notícias, que já vinha apresentando números baixos em muitas regiões.
