Novo projeto do Nonada oferece oficinas gratuitas de comunicação cultural

Organização associada à Ajor conta como conseguiu viabilizar a iniciativa via Lei Rouanet e dá dicas a outros veículos

Veículo especializado em cultura, o Nonada acaba de lançar o projeto Comunica: potencializando culturas locais, trilha de formação e capacitação em comunicação cultural. As atividades são destinadas a agentes culturais, líderes comunitários, integrantes de coletivos, professores, estudantes de Ensino Médio e interessados.

A primeira edição do Comunica ocorre em Campinas (SP), no Instituto Redenção, a partir de 18 de setembro. Os 30 participantes que tiverem pelo menos 75% de presença receberão bolsa-auxílio de R$ 1200. As inscrições estão abertas até 8 de setembro por meio deste link.

Ao todo, serão nove oficinas presenciais e uma oficina online que trazem temas como diversidade e direitos humanos, mapa afetivo, conceitos básicos do jornalismo e produção cultural. Além das aulas, os alunos também desenvolverão um documentário, elaborado em conjunto com uma produtora audiovisual, e uma edição da Revista Nonada, que terá distribuição gratuita. 

Para realizar o projeto, o Nonada contou com a produção executiva do Amora Produções Culturais e apoio do Instituto Redenção. Além disso, a iniciativa foi viabilizada via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei 8.313/91), conhecida como Lei Rouanet, com patrocínio da empresa John Deere. Por meio de incentivo fiscal, o governo estimula empresas e pessoas físicas a apoiarem o setor cultural.

À Ajor, a cofundadora do Nonada, Thaís Seganfredo, conta como a organização se adaptou para captar recursos e dá dicas para veículos que pensam em tentar projetos via Lei.

Como foi o processo de tentar viabilizar projetos pela Lei Rouanet?

Thaís Seganfredo: Como produtor de informação sobre cultura, o Nonada já vinha trabalhando com editais de fomento direito na área da cultura para realizar projetos de conteúdo e jornalismo cultural. Decidimos tentar também a Lei Rouanet pois ela permite valores maiores que os editais, possibilitando viabilizar a sustentabilidade da organização e, ao mesmo tempo, concretizar ideias que sempre tivemos o sonho de fazer, como o curso de comunicação cultural para líderes comunitários. Por não ter conhecimento aprofundado sobre os caminhos técnicos de ter um projeto aprovado na lei, decidimos investir recursos em contratar uma produtora especializada em projeto da Rouanet. Elas fizeram toda a inscrição do Comunica na plataforma do governo, responderam diligências e outras burocracias. Depois da aprovação, contamos com uma captadora de recursos para apresentar o projeto a possíveis empresas interessadas no patrocínio.

Como vocês acreditam que este primeiro projeto vai impactar a organização?

Thaís Seganfredo: Com o tempo, acabamos percebendo que um dos caminhos efetivos de buscar financiamento a veículos de jornalismo cultural é a cultura, uma vez que além de organização de jornalismo, o Nonada também é parte do setor cultural ao contribuir com informação de qualidade para a área. Com a Lei Rouanet, temos a possibilidade de tornar o Comunica um programa fixo da organização, realizando edições em outras cidades do Brasil e buscando mais empresas parceiras que possam se interessar pelo projeto. Para nós é muito importante poder levar o Comunica a outras regiões do Brasil, fortalecendo não só nossa marca, mas também contribuindo com o setor cultural através da nossa trilha formativa.

Que dica vocês dariam para uma organização jornalística que quer viabilizar um projeto via Lei de Incentivo?

Thaís Seganfredo: Pensem em produtos culturais que podem ser as entregas principais dos projetos. Se a sua organização trabalha com direitos humanos, por exemplo, considere produtos como um documentário ou livro sobre temas que a organização cobre; se é um veículo local, eventos presenciais como festivais de literatura, artes ou mesmo humanidades podem indicar caminhos. Também é preciso ter a consciência de que empresas buscam projetos com forte viés sociocultural para apoiar e muitas gostam de participar mais ativamente do projeto, com presença nos eventos e falas nos vídeos oficiais. Cada organização precisa saber com antecedência sua política de patrocínio, parceria com as empresas e quais contrapartidas está disposta a fornecer.

 

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