Os Jornalistas Maria Ressa e Dmitri Muratov recebem o Prêmio Nobel da Paz

Por Isabella Ventura out 08, 2021

Nesta sexta-feira (08/10), o Comitê Nobel norueguês concedeu o Prêmio da Paz a dois jornalistas que atuam em defesa da liberdade de expressão e  de imprensa em seus países. Os jornalistas Maria Ressa e Dmitri Muratov foram reconhecidos por “sua brava luta pela liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e uma paz duradoura”.

De acordo com a nota divulgada pelo comitê após o anúncio, “Eles são representantes de todos os jornalistas que defendem esse ideal em um mundo no qual a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”.

Maria é uma jornalista Filipina e bolsista da Fulbright, e também foi nomeada Personalidade do Ano em 2018 pela revista Time por seu trabalho contra a desinformação. 

Ressa é co-fundadora da Rappler, uma empresa de mídia digital voltada para o jornalismo investigativo. Por meio dessa plataforma ela expôs a corrupção do governo de Rodrigo Duterte e pesquisou as participações financeiras e potenciais conflitos de interesse de figuras políticas importantes, além de ter feito um trabalho pioneiro na violenta campanha antidrogas do governo Filipino. 

“O número de mortes é tão alto que a campanha se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país”, disse o comitê. Ressa e Rappler também documentaram como a mídia social está sendo utilizada para espalhar notícias falsas, assediar oponentes e manipular o discurso público.

Emocionada ao receber o prêmio, Ressa disse que não esperava que o prêmio fosse um “reconhecimento de como é difícil ser jornalista hoje”. “Isto é para você, Rappler”, disse ela, acrescentando que espera “energia para todos nós continuarmos a batalha pelos fatos”.

Já o jornalista Russo Dmitri Muratov, defendeu a liberdade de expressão em seu país por décadas, trabalhando em condições cada vez mais difíceis. Muratov foi um dos fundadores do jornal independente Novaya Gazeta em 1993 e é seu editor-chefe desde 1995. Mesmo recebendo diversas ameaças, lidando com perseguições e até mesmo assassinatos, o jornal Novaya continuou publicando suas matérias.

O comitê observou que desde o lançamento do jornal, 6 jornalistas foram assassinados, citando Anna Politkovskaya, que escreveu diversos artigos reveladores sobre a guerra na Chechênia.

“Apesar dos assassinatos e ameaças, o editor-chefe Muratov se recusou a abandonar a política independente do jornal”, escreveu o comitê. “Ele tem defendido consistentemente o direito dos jornalistas de escreverem o que quiserem sobre o que quiserem, desde que cumpram os padrões profissionais e éticos do jornalismo.”

Ao receber o prêmio, Muratov disse que foi uma surpresa e chegou a ignorar diversas ligações não identificadas da Noruega enquanto discutia com um de seus jornalistas, mas seu secretário avisou-o do prêmio segundos antes do anúncio. 

O comitê do Nobel escolheu 329 candidatos, um dos maiores pools na história de 126 anos do prêmio. Entre os candidatos estavam inclusos ativistas da mudança climática, dissidentes políticos e cientistas cujo trabalho ajudou a combater a pandemia Covid-19.  

“O jornalismo livre, independente e baseado em fatos serve para proteger contra o abuso de poder, mentiras e propaganda de guerra. Sem liberdade de expressão e da imprensa, será difícil promover com sucesso a fraternidade entre as nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor para ter sucesso em nosso tempo”, finaliza o comitê.

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