Por que é importante colocar a imprensa em pauta no Brasil?

Por Tainah Ramos jun 07, 2023

País celebra o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa em meio a cenário constante de ataques contra jornalistas

O Brasil chega ao Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, celebrado nesta quarta (7), com um cenário de repetidos ataques a jornalistas. Ao longo de 2022, o número aumentou 23% em relação ao ano anterior, de acordo com o relatório anual da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Os tipos de assédio também estão cada vez mais graves – foram 176 casos de agressões físicas, destruições de equipamentos, hostilização e ameaças.

“Impulsionado pelo governo anterior, que sempre deixou claro sua aversão pela imprensa e pela verdade, os jornalistas viraram alvo fácil para os mais diferentes tipos de ataques e ameaças, virtuais, jurídicas ou físicas”, afirma Fernando Soares, editor-chefe do Portal dos Jornalistas, organização especializada na cobertura sobre a profissão no Brasil e associada à Ajor.

Fundador e editor da revista Imprensa – outra associada  que cobre o setor de comunicação no país –, Sinval de Itacarambi Leão chama atenção  para o agravamento dos ataques e a necessidade de discutir e garantir a liberdade de imprensa: “Talvez nunca tantos jornalistas foram assassinados, feridos em atentados contra suas vidas, presos e impedidos por razões diversas de exercer sua profissão. Talvez nunca foi tão importante discutir sobre os benefícios de uma imprensa livre”.

Para Soares, é fundamental acompanhar, repercutir e cobrar de perto as autoridades para garantir o compromisso pela segurança dos jornalistas e a excelência de seus trabalhos. Com o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no dia 5 de junho de 2022, no Vale do Javari, no Amazonas, agora a data é precedida pela recordação dos riscos de se fazer jornalismo no país e pela inércia do poder público em oferecer respostas efetivas para o problema.

Desinformação 

Leão lembra também da batalha contra a desinformação como parte da necessidade de se cobrir a imprensa no país. Um exemplo é a discussão sobre o PL 2.630/2020, conhecido como PL das Fake News, que delineia a regulação das plataformas digitais, palco de compartilhamento de notícias falsas e também de assédio contra os profissionais. “Ciberataques e cumplicidade das giants techs minam jornalistas e veículos independentes”, afirma. 

No primeiro mês da campanha eleitoral de 2022, a partir do dia 16 de agosto, ao menos 2,8 milhões de postagens com conteúdo ofensivo e agressivo contra os jornalistas, incluindo 264 hashtags diferentes usadas nos ataques, segundo monitoramento do Repórteres Sem Fronteiras. Profissionais mulheres foram as principais vítimas.

Foto: Joppe Spaa/Unsplash.

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