Evento reuniu mais de 350 pessoas no Rio de Janeiro para pensar sobre sustentabilidade, inovação e os princípios morais da comunicação
Ao longo do último final de semana, entre os dias 5 e 7 de maio, mais de 350 passaram pela quarta edição nacional do Festival 3i na Casa da Glória, no Rio de Janeiro. O evento trouxe um olhar para a necessidade de pluralidade e renovação no jornalismo, estabelecendo uma linha de conexão entre passado, presente e futuro da profissão.
O tom do encontro foi dado já pelo keynote speaker, em sua palestra de abertura na sexta-feira (5), e acompanhou todas as discussões posteriores. Na sessão, Jaime Abello Banfi, que atua como diretor geral da Fundação Gabriel García Márquez há mais de 20 anos, destacou a multivocalidade que o digital trouxe, celebrou o protagonismo de mulheres e grupos marginalizados nos novos veículos de mídia e refletiu sobre a necessidade de políticas públicas éticas e transparentes de apoio ao jornalismo.
A mesa “E se o jornalismo periférico acabar amanhã?” foi um exemplo claro da percepção de Abello: Gizele Martins (Frente de Mobilização da Maré), Raimundo José (Rádio e TV Quilombo) e Tony Marlon (comunicador popular e colunista do Ecoa/UOL) e a mediadora Daiene Mendes (Repórteres sem Fronteiras) abordaram a potência do jornalismo feito por e para pessoas das periferias, quilombos e aldeias em todo o país.
Uma das fundadoras da Periferia em Movimento, Aline Rodrigues ressaltou a importância do Festival 3i na potencialização de novas vozes: “Eu estive como público na edição de 2019 e é muito importante observar as mudanças. Naquela época, não tinha a presença de mídias periféricas, indígenas, quilombolas e faveladas. De alguns anos para cá, com a gestão da Ajor, da qual mídias desses territórios fazem parte, nossa presença aqui não é mais só na plateia, mas também no palco. Isso é fundamental para dialogar e para apresentar diferentes formas e contextos de fazer jornalismo”.
Para a estudante de jornalismo Ester Caetano, a abrangência de assuntos abordados pelo evento se destacou. “Eu me encantei pela programação. Foi extremamente rica, abordou questões das periferias, da comunidade LGBTQIA+, de gênero. Ou seja, mostrou o que é a sociedade em si.” Ela também enfatiza a importância do 3i para o networking: “Pude ter contato com pessoas que são potentes dentro da profissão, que fazem um jornalismo que realmente é inovador, independente e que causa impacto”, completa.
Já o fundador do Factual (México), Jordy Melendez, aponta que é a partir da criação dessa rede gerada por eventos como o 3i que se torna possível entender e ajudar a solucionar as múltiplas crises que existem na atividade jornalística, principalmente diante dos desafios que se tem na América Latina. Criadora do site Malvestida (México), Ale Higareda complementa: “É valioso nos vermos pessoalmente e ter esse diálogo. Muitas vezes quando trabalhamos no digital é difícil encontrar esses momentos para nos escutarmos. Para mim, é incrível poder nos encontrarmos em um espaço físico para aprender entre nós e compartilhar experiência”. Ambos participaram da sessão “Como lançar uma iniciativa jornalística e seus desafios”.
Ao todo, foram mais de 70 palestrantes e 35 atividades diferentes. O evento reuniu estudantes, pesquisadores, empreendedores e entusiastas do jornalismo e trouxe outros temas como os caminhos para o financiamento, produção de conteúdos para as redes sociais, as questões éticas no empreendimento jornalístico e até mesmo os impactos da inteligência artificial no jornalismo. A discussão sobre regulamentação das plataformas digitais também estava na programação e contou com a participação do deputado federal Orlando Silva (PCdoB), relator do Projeto de Lei nº 2630/2020, conhecido como “PL das Fake News”.
Diretora executiva da Ajor, Maia Fortes celebra o primeiro Festival 3i nacional e presencial produzido pela organização: “Estamos muito felizes de fortalecer um canal de troca e também de perceber que todas as mesas e workshops se alinham com o propósito da Ajor de promover um ecossistema de jornalismo cada vez mais diverso. Já estamos prontos para pensar na edição do próximo ano e nas regionais”.
As mesas foram transmitidas ao vivo e estão disponíveis no Youtube do 3i.
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